sábado, 30 de outubro de 2010

luminoso instante



quem fala
teve um fim. destruo lentamente, aos poucos,
o que nos forma.
não tinha nada para dizer.

no parapeito
apoiando as costas
começou, a tua permanência
na cabeça
meu amor, uma chama imensa,
como quem nunca chega a ver
e não perturba.

sonhos
só nas prisões existe sossego,
às vezes ainda me irrita
a trama inútil dos meus gestos.
não tenhas medo. o olhar que sobe é hesitante.
como uma relíquia com os farrapos e os cabelos grisalhos assobiando
e esse cansaço
faz nós na minha carne,
que lentamente se fecham -

por isso passeamos pouco
-pergunto,

atravessaríamos a cidade nocturna,
foram estas as palavras que me vieram ao espírito adormecido, e
nus na cama, sobre a qual batia com força o sol
como feridas luminosas
quando o nosso rosto e os nossos olhos
os sinais do teu corpo
para que eu olhe - talvez seja aí a tua morada.

a partir de Péter Zirkuli, o Instante Luminoso

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