sábado, 9 de agosto de 2025

uma canção de amor

não sei quanto tempo ainda temos
abraço-te antes que te encontre
o aço e o fogo alheado
de quem nos olha e recrimina
não sei quanto tempo

deixa que me assombre
debaixo da tua coroa 
comovendo-me pela tua
imaginação de águas livres
guiada pela mão do vento

mergulhado no esquecimento
de que o tédio alguma vez existiu
e o inverno que me trucida sempre
tem de voltar         deixa-me 
relembrar quem sonhei vir a ser

para ti que importância tem
o tempo que medimos para nos matar
a pressa de engolir o que nos dão
eu sei tua é outra
a dimensão de pertença a este mundo

mas incapaz de fugires
ao horror que varre
a carne da paisagem
permite que te abrace
e num suave murmúrio
te declare o imenso
amor que te tenho

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