segunda-feira, 18 de agosto de 2025

babelsbergstrand

fazer um mundo na margem
do rio à sombra do salgueiro
chorão         dentro dessas águas
os corpos são gritos que vêm
enfurecer-nos         quando entramos
os pés cortam-se com a sílica da morte
essa cruel musa que na vida
até mesmo o amor corrompe
e o idílio decai com a intromissão
do que vem de fora

repara como nesta amena tarde somos
incapazes de uma palavra de ternura
sequer um indício luminoso
de compreensão
não são assim criados os fantasmas
um rasto de um raro momento delével
no fluir da próxima onda que desmaia
no rosto desertado pelo outro

amámo-nos
concedo
duvido porém que nos tenhamos conhecido
e já não assentam nesta pele
os papéis que jogamos

o rio corre         o mundo vai
a caminho da ruína

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