do rio à sombra do salgueiro
chorão dentro dessas águas
os corpos são gritos que vêm
enfurecer-nos quando entramos
os pés cortam-se com a sílica da morte
essa cruel musa que na vida
até mesmo o amor corrompe
e o idílio decai com a intromissão
do que vem de fora
repara como nesta amena tarde somos
incapazes de uma palavra de ternura
sequer um indício luminoso
de compreensão
não são assim criados os fantasmas
um rasto de um raro momento delével
no fluir
da próxima onda que desmaia
no rosto desertado pelo outro
amámo-nos
concedo
duvido porém que nos tenhamos conhecido
e já não assentam nesta pele
os papéis que jogamos
o rio corre o mundo
vai
a caminho da ruína
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