sei-me longe do sangue que filia
dos prados das montanhas
sei-me só junto ao fel da navalha e da ruína
das estátuas deitadas no musgo
dos cancros nos troncos podres caídos pelo vento
como uma cidade adormecida assombra-me um silêncio
entre a boca e o peito desde o primeiro ar sorvido
fecho os olhos à beira dos rios onde a luz se irisa
para acolher o mensageiro de um sonho
sei-me só
num sussurro o mundo uma lacuna
o tempo sem onde cair morto nas mãos
a dar nome à poeira
nos lábios junto ao sabat da sua nuca
espero notícias sobre quem vem de sem onde
habito os castelos de núvens para saber
um pouco mais o sabor da queda
sei-me só à beira da fogueira que vela
a última luz sob a cinza
um inverno livra-me de ti e de mim
debaixo da neve do gelo da madeira
queimada a alimentar a desilusão
sei-me só
se desaparecer quem nos amou como sobrevivemos ainda
Sem comentários:
Enviar um comentário