antecipo a tristeza como um repentino frio
antes da noite mais longa o voo
em seta para onde a luz se dilata
antes de o gelo cobrir a vida
do rio
antecipo a lágrima enfrentando o vento
a mágoa marejada na represa
da garganta
com o silêncio de um poema antecipo a morte
entre duas respirações nas cartas deixadas
por enviar
infectas de lamentos e injúrias
nas decisões abruptas e pela raiz
de largar mão já solta da amizade
para encontrar a efémera leveza
de se estar vivo
escurece em torno e ecoa
o riso da mulher da trácia
por nunca antecipar a queda
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