sábado, 2 de abril de 2022

notas sobre o assentar das areias (cont.)

os antigos visionários dos himalaias deixaram claro o que significa ser-se um animal humano. diziam: há quatro grandes propósitos para o animal humano: artha, kama, dharma e moksha. há o caminho exterior e há o caminho interior. há o caminho que te conduz ao outro, à vida com o outro e há o caminho que te leva a ti – um ti que já não és tu, um ti que já não diz eu ou tu, mais interior que o imo da tua memória e da tua alma individual, enquanto, simultaneamente, mais exterior que o teu corpo e todos os outros corpos e objectos, o mais longe de ti e o mais próximo de ti; mas para chegar até lá só pelo caminho do exílio interior, de abstenção, disso que dizes tu ser. esse é o caminho para a morada. tens de te lembrar do que, embora olvidado, é o que possibilita a lembrança e o esquecimento e a memória, o que possibilita fazer-se o caminho sendo o caminho e o início e o fim do caminho. o retorno a onde de nunca se partiu.

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