quando deitados nas dunas
entre cardos e lírios tenho um corpo
difícil de aceitar
sucumbo à mágoa dos defeitos que nascem
do embate de duas imagens que se recusam
a se confundir como céu e água
perco a sua voz no vento
de olhar alheado na diferença
da carne que ferve com os seus carreiros
de sal reconheço os seus lábios
abertos uma fúcsia
subindo e
descendo no oco da boca
chocando na fraga de marfim
e tudo isso me diz que deixe aproximar
o silêncio ao corpo
as palavras são coisas frágeis
esperam refúgio
a sua voz é levada
junto com a poeira
que embranquece os canaviais e
urde a secura da terra
afogo-me no luxo da sua barriga
lendo o morse dessa criatura
ainda a vir para no vento
um dia
perder a sua voz junto ao mar
Sem comentários:
Enviar um comentário