sexta-feira, 6 de agosto de 2021

não te podia ver as coisas punham-se

não te podia ver         as coisas punham-se
entre as coisas         escureciam
assombravam o olho
sei que tu aí estás como o sol
num céu farto de cinza e neblina
testas a distância do mundo-
mãe onde a velada luz te imprime
a primeira realidade
vais sair da água
da noite lustral
       ver a lua e sua sedutora loucura
árvores altas que dos seus cimos
ribeiros de vento engolfam os búzios
e te darão a música das coisas cegas
perceberás
é outra a sombra posta entre ti
e as coisas
as mesmas         palpitadas
colhidas com a peneira dos signos
e só poucas vezes terás o acaso
de um entendimento

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