publicado em Inefável 17
com a ausência da abundância
trato as coisas com delicadeza
um cuidado de rato a lidar
olhos nos olhos com o desconhecido
os meus irmãos corriam por esses corredores
sempre adiante no eco da pedra
por instinto calcava nesses dias
apenas o azul entre cada branco
e sempre adiante o eco a fazer-se
corrida azul a azul mais longínqua
até à abundância de nem um rato
e o meu rosto à janela
na caligrafia de dedos e bafos
visionando o mundo tal como hoje
quando sem óculos uma palavra
e toda a revelação aí contida
efémera a ti endereçada
e lida quando todo o azul te enovelar
das alturas à pedra
(título retirado de António Lobo Antunes)
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