não te basta o lento envenenamento
diário do teu pensamento
gotas que caem da tua clepsidra
e te secam como um bouquet
na despensa a glória dos dias
passados apodrecidos com método
não te basta o definhamento
mergulhas no aquário
anestesiado e em linha
fazes o que te seduzem e sonhas
com a sexta-feira negra para te igualares
ao odioso vizinho o invejoso
irmão afinal o que há de mais importante que
a imitação da ficção da vida
dos outros o comentário de séries infinitas
em vestidas repetições o lamento
valsado do teu ego apenas recebido
para te oferecerem o deles numa troca comercial
o potlach do ocidente
dá descanso ao rato e olha
de novo o labirinto uma linha recta
não precisas de grandes gestos ou uma corrente
de experiências sempre novas basta
segurares uma porta com sinceridade
por exemplo ou a prática da diferenciação
entre uma cobra e uma corda
todos os dias
até ao fim da linha
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