quarta-feira, 15 de junho de 2016
Duas irmãs de Perséfone
Duas raparigas há: dentro da casa
Uma senta-se; a outra, fora e sem.
Ao longo do dia um dueto de sombra e luz
Joga-se entre estas.
No seu quarto de lambril
A primeira resolve problemas numa
Máquina matemática.
Secos estalidos marcam o tempo
Enquanto ela calcula cada soma.
Nesta estéril empresa
Um ar de rato astuto corre pelo seu estrabismo,
Um tom de raíz empalidece a sua escassa moldura.
Bronzeada como a terra, a segunda descansa,
Ouvindo estalidos soprando ouro
Como pólen no ar claro. Embalada
Junto a uma cama de papoilas,
Ela vê como as suas sedas rubras fulguram
De pétalas sanguíneas
Abrindo-se à queimadura das lâminas do sol.
Nesse altar verde
Livremente se torna a noiva do sol, a outra
Cresce rapidamente com sementes.
Deitada em relva no seu ofício orgulhoso,
Ela porta um rei. Tornada amarga
E pálida como qualquer limão,
A outra, retorcida virgem até ao fim,
Segue em direcção à tumba com carne ao dependuro,
Verme-matrimoniado, mas não uma mulher.
in Sylvia Plath, Crossing the water - transitional poems
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