quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

De Berlim a Lisboa V

Damvix

ao largo desse rio joana ouviu
um anjo e por deus matou

quando morreu um apaixonado
enlouqueceu e abriu um novo capítulo

no livro da crueldade humana
aqui ficámos o tempo de uma passagem

o suficiente para influências mais nefastas
não nos corromperem

desconhecíamos os caminhos
seguimos as marcas das vias

apenas legíveis pela luz
e porque víamos chamámos de atalhos

vindo a noite e o silêncio
a cegueira das trevas

veio a ocultação da anterior presença de
corpos e o caminho um trilho de perdição

andámos sem rumo nos
canaviais do fim do mundo

um passo em falso
desacompanhados de anjos e

humanos demónios que nos guiassem
e não mais se encontrariam as nossas bocas

estávamos no limbo de joana e gil
equilibrados num fio de prumo

estendido entre alucinação e bestialidade
até que chegámos onde nos aguardavam

um verde labirinto de uma veneza natural
de manhã abandonada para outras paragens

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