sexta-feira, 13 de novembro de 2015

De Berlim a Lisboa III

Steffeshausen

a aurora irisava-se na janela suada
e o zurro de um burro fremia os citadinos
ouvidos desaprendidos do diverso

eis como se ergue uma manhã
separando as águas de um gelo adormecido
segundo o passo do homem e da terra

a noite (a)guarda demasiados silêncios
moradas a habitar pela palavra
nas desoras das vidas aldeãs enquanto

os milagres surgem onde o horizonte
se ilumina na abertura plúmbea da poalha
vê-mo-los ao longe do topo para o vale

presos pela tensão que nos corrói
essa agma no interior de cada corpo
que o amor elogia e escarnica

estar perdido é momentâneo um intervalo na passagem
das horas pelo rosto quando o voltares verás
o olhar do acontecimento de nós

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