terça-feira, 27 de outubro de 2015

De Berlim a Lisboa I

Wilmsstrasse, Berlim

partiste e as águas correram na sua lamacenta lassidão
onde cisnes permanecem em suave travessia
sugerindo aos amantes o bucolismo que os canais oferecem
somente quando a chuva cai o outono se instala na cor folheada

ou nas madrugadas de geada que em cristal brilha o inverno
aos primeiros raios da manhã e ninguém por aí caminha
na despedida não houve lenços baldeados ao vento
lágrimas se furtivas caíram foram pelos olhos dela

– quem afinal soltava as amarras para a aventura que tu ajudaste
a proporcionar por solene promessa à vida – todos os caminhos e o amor
ainda estão para serem feitos antes que a morte te entre valsando

despede-te das diatribes e insónias dessa morada tão hermética
salta para o carro cheio como uma carroça com mudos e ledos cães
segue viagem com ela lentos como um caracol no himalaias do tempo

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