há quem pratique a solidão pega-se na vida
com ambas as mãos inábeis para outros modos de existência
até um sufoco a cegar para o mundo
não se fica mais ou menos puro
tornamo-nos pedras ou árvores
corpos para esquecer passando como o vento
e só ligeiramente arrepiando a pele
de quem a nós se encontra de encosto
de resto silenciados ficam o amor e a amizade
mantidos à distância de um gesto
a cada tentativa devindo intransponível
o gesto a distância
mas nesta ascese o vulcão clandestino de um segredo
pode romper as fronteiras do rosto
tal como a solidão dos lábios termina
quando uma boca se fecha
ou os teus lábios se juntam aos meus
Sem comentários:
Enviar um comentário