quarta-feira, 18 de junho de 2014

há quem pratique a solidão pega-se na vida
com ambas as mãos inábeis para outros modos de existência
até um sufoco a cegar para o mundo

não se fica mais ou menos puro
tornamo-nos pedras ou árvores
corpos para esquecer passando como o vento
e só ligeiramente arrepiando a pele
de quem a nós se encontra de encosto

de resto silenciados ficam o amor e a amizade
mantidos à distância de um gesto
a cada tentativa devindo intransponível
o gesto a distância

mas nesta ascese o vulcão clandestino de um segredo
pode romper as fronteiras do rosto
tal como a solidão dos lábios termina
quando uma boca se fecha
ou os teus lábios se juntam aos meus

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