quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Dois campistas no País Nublado (Rock Lane, Canadá)



Neste país não há nem medida nem equilíbrio
Para cobrir o domínio de pedras e bosques,
A passagem, digamos, destas nuvens homens-envergonhantes

Nenhum gesto teu ou meu poderia chamar a sua atenção,
Nenhuma palavra fá-lo-ão carregar água ou foguear o graveto
Como ogros locais sob o feitiço de um ser superior.

Ora, uma pessoa cansa-se dos Jardins Públicos: quer-se umas férias
Onde árvores e nuvens e animais não nos ligue;
Longe dos olmos catalogados, as domadas rosas-chá.

Levou-nos três dias conduzindo para o norte até encontrar uma nuvem
Que os educados céus de Boston não podiam possivelmente acomodar.
Aqui na última fronteira do imenso e insolente espírito

Os horizontes estão demasiado longe para serem íntimos como tios;
As cores asseveram-se com uma espécie de vingança.
Cada dia conclui-se com uma ostentação de cinábrio

E a noite chega num único passo de gigante.
É confortável, por uma vez, significar tão pouco.
Estas rochas nada oferecem para adquirir forragens ou pessoas:

Elas estão a conceber a dinastia do frio perfeito.
Daqui a um mês questionar-nos-emos para que servem pratos e garfos.
Inclino-me para ti, dormente como um fóssil. Diz-me se estou aqui.

Os Peregrinos e os Índios talvez nunca aconteceram.
Planetas pulsam no lago como luzentes amibas;
Os pinheiros borram as nossas vozes lá no cimo nos seus leves suspiros.

Em torno da nossa tenda as velhas simplicidades sussurram
morosamente como Letes, tentando entrar.
Acordaremos entorpecidos como água na aurora.

Sylvia Plath in Crossing the water - transitional poems

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