como
será limpar o rosto depois de agosto?
em
cada sopro iluminando
a
cadência do mar
para
construir um nome
a
fazer esquecer tudo
de
desviar os olhos do outro rosto
onde
nada repete outro tempo,
entre
a espera e o cerco
e
o sorriso se abre
na
demora que concentra.
a
paciência conhece o tempo da espera,
a
mais felina indiferença
que
é o perdão
sem
pressa
e
a comoção sustenta
no
incómodo do esforço.
a
permanência das mãos
é
aqui, sempre aqui
até
tudo ficar esquecido
as
pequenas mãos que ignoram
que
as noites sejam tensas,
que
aqui perdura
o
que um dia será impossível
a
criar memória
depois
de cada agosto?
A
partir de Caderno de Milfontes de Rui Almeida
2012
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