segunda-feira, 11 de julho de 2011

em cinco dias évora-fès-évora fiz (xxxiv)

Saímos e passeámos mais um pouco. Passámos pela loja de um marroquino muito velho, de barbas brancas e cego de um olho, onde numa das passagens eu tinha ficado apaixonado por uma meia djellaba castanha. O T. Fès o negócio por mim e ainda trouxe um lenço preto e mais outro todo colorido. Depois andámos ainda mais um pouco para comprar uma mini djellaba para o Gaspar e um cachimbo de água numa loja com ruínas no seu interior e onde o T. por pouco perdia a sua câmara e não teríamos fotografias para ver. Assim que nos aviámos pensámos retornar para o hotel, mas a S. queria comprar mais especiarias (as do Ibrahim ficavam para dividir entre nós) e o T. queria comprar tabaco e carvão para o cachimbo. Eu fui andando porque estava apertado para fazer chichi. Com tudo isto já seriam umas cinco ou seis horas certas e tínhamos que nos despachar. Comecei a fazer a mala e esperei pelos dois. A S. despachou-se rápido e ficámos à espera do T. na sala. Quando chegou fizemos o pagamento do hotel, dissemos adeus e fomos pôr as coisas ao jipe. Perto dele já se encontravam uns miúdos que queriam moedas e demos-lhes bolachas Oreo que tínhamos comprado e pronto, estava feito, fomo-nos embora já com o sol também a despedir-se de Chefchaouen. Enchemos o depósito e o bidão e fizémo-nos à estrada com uma certa pena de não podermos ficar mais e a promessa de voltar.
A viagem de volta foi bem mais rápida, o caminho era conhecido, o trânsito só surgiu realmente às portas de Sebta e não demorámos quase tempo nenhum a tratar da papelada de saída. Fomos directos para o porto, fomos cheirados por um Rex e ficámos à espera para o embarque que apenas era às dez horas da noite. Não houve qualquer problema a estacionar, o Ramón Lull estava quase vazio, lá dentro estavam as camareiras feias e a mulata bonita de rastas, umas quantas pessoas, nós, Los Serranos nas televisões e o Mediterrâneo negro reflectindo os candeeiros. Desta vez sentimos realmente o tempo a passar, a despedida custa sempre. Chegámos a Algeciras e fomo-nos empanturrar com a comida de qualidade ocidental, Burger King e batata frita, já que a coca-cola havia em todo o lado em Marrocos. Despachados e de barriga cheia seguimos a viagem de volta pelo mesmo caminho. Fizemos uma paragem numa bomba para beber café e para o T. trocar com a S.. Com a S. a conduzir eu fiquei como co-piloto, o que resultou na nossa perda numa cidadezita espanhola por quase uma hora, a S. a passar-se comigo a dizer, foda-se pá é sempre a mesma merda contigo, eu não sei porque é que ainda acredito no teu sentido de orientação, nem a merda do mapa sabes ler, só te interessas pelas tuas coisas, e por aí adiante. Por isto tudo, infelizmente, tivemos de acordar o T. para ver se ele se lembrava ou se nos conseguia ajudar. Conseguiu. Todos mais calmos e seguimos com o T. como co-piloto e eu lá atrás e passado uma hora ou hora e meia, ia a S. a conduzir sozinha porque tínhamos adormecido. Quando abri os olhos estávamos estacionados à porta da casa do T. para levarmos o nosso querido Peugeot. Dirigimo-nos para casa a conversar, seriam umas quatro ou cinco da manhã do dia dois de janeiro, dissemos olá à gataria toda, pusemos o pão que nos sobrou de Sefrou no congelador, mandámos as nossas tralhas para o chão e deitámo-nos. E assim se fizeram em cinco dias Évora-Fès-Évora.

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