terça-feira, 19 de abril de 2011

insónia vi

i

quando há poesia
tu não estás somente
nomes corpos outros.

ao longo do tempo repetindo
a frase de um desconhecido
(a poesia é feita por todos)
e em nenhum mistério mergulhas.
na língua descobres a doença das vigílias.


ii

língua e poesia
e o sentido triste e estéril
do teu mundo
(nada a dizer)
muda a voz tremendo de medo
(o cigarro ardendo apoiado ao pensamento
e a caneta no calo do maior equívoco)
nunca chegarás a desaparecer
nisso que tu escreves.


iii

(escreve-se do lado do silêncio
procuras dizer ao lado
de todas as palavras)
ouro peneirado na errada
margem da página a ganga
prodigalidade de tantos anos


iv

o que foram esses poemas escritos?

(versão original aqui)

2 comentários:

Anónimo disse...

o problema é que todos querem estar no Lado A do disco, mas, e tu decerto sabes, às vezes o Lado B é bastante mais interessante, exige mais criatividade saber ocupar uma faixa desse lado, mas isso não seria um obstáculo para o benjamim
boa sorte

fernando machado silva disse...

obrigado, quem quer que sejas. fica assim adiada, por um pouco mais de tempo, a minha desistência de toda a escrita.

um abraço