Primeira geada*, e eu caminho entre os frutos rosa, os marmóreos dedos dos pés
Das belezas gregas que trouxeste
Do relicário acervo da Europa
Para adocicar o teu pescoço de bosques de Nova Iorque.
Brevemente cada alva dama embarcará
Rumo ao esplêndido clima.
Toda a manhã, com um hálito de cigarros, o faz-tudo
Andou a drenar as poças dos peixes dourados.
Caem como pulmões, a fugitiva água
Retrocedendo, fio a fio, até à pura
Platónica mesa onde vive. A carpa bebé
Faz da lama uma cama de cascas de laranja.
Onze semanas, e conheço tão bem o teu estado
Que nem preciso de todo sair.
Uma auto-estrada sela a minha saída.
Negociando os seus venenos, os vinculados carros do norte e do sul
Achatam até fitas as drogadas cobras. Aqui, as ervas
Descarregam as suas dores nos meus sapatos.
Os bosques estalam e sofrem, e o dia esquece-se de si.
Debruço-me sobre esta bacia drenada onde os pequenos peixes
Se dobram enquanto a lama se imobiliza.
Cintilam como olhos, e eu recolho-os todos.
Morgue de velhos diários de bordo e velhas imagens, o lago
Abre e fecha-se, aceitando-os entre os seus reflexos.
in Sylvia Plath, Crossing the water - transitional poems
*não consegui encontrar a tradução mais próxima para o início da poema: "first frost"; poderia tentar "orvalho original" mas não seria a mesma coisa, por isso traduzo um pouco à letra.
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