sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

meu amor morto e o seu caderno preto (uma narrativa) - Benjamim Machado

IX

Benjamim Machado ficou três dias sentado na cadeira olhando para o corpo da mulher estendido no chão da cozinha, despertando apenas quando um odor nauseante lhe revolveu o estômago.
Sobre a mesa, leu de um livro aberto:

Se chegares a um lugar intransponível ou perigoso, pensa que as marcas que deixaste poderiam enganar os que viessem a segui-las. Volta por isso para trás e apaga o resto da tua passagem. Isto diz respeito a todos os que querem deixar neste mundo vestígios da sua passagem. E, mesmo sem querermos, deixamos sempre vestígios. Responde pelos teus vestígios, perante os teus semelhantes.
René Daumal

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