quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Recém-nascido





Estes poemas não vivem: é um triste diagnóstico.
Os seus dedos dos pés e das mãos cresceram bem,
As suas testas salientam-se com concentração.
Se eles se perderem nas suas divagações como as pessoas
Não foi por qualquer falta de amor de mãe.

Oh eu não percebo que lhes aconteceu!
Eles estão correctos na forma e número e em cada parte.
Eles sentam-se tão bem no fluido decapante!
Eles sorriem e sorriem e sorriem e sorriem para mim.
E mesmo assim os pulmões não se enchem e o coração não pega.

Eles não são porcos, nem mesmo peixes,
Embora tenham um ar de porco e de peixe –
Teria sido melhor se estivessem vivos, e foi isso o que foram.
Mas eles estão mortos, e a sua mãe quase morta de distracção,
E eles estupidamente olham fixamente, e não falam dela.

in Sylvia Plath, Crossing the water - transitional poems

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