domingo, 26 de dezembro de 2010

poema antigo (revisão)

encontrei-te, menina, um sapato
boiando na sarjeta, entre o sufoco
de querer falar e ser ouvida.
nos teus olhos de água gelada
iluminavam-se os relâmpagos
de uma tarde de Dezembro.

depois partimos, cabeça
entre o pescoço e clavícula.
eu, com uma barba de trazer por casa,
e tu, com o sorriso de guarda-chuva,

alçámos velas nas nossas pálpebras,
cobertas as pestanas com lírios,
para adormecer e eclipsar
a lua de vergonha.