domingo, 8 de agosto de 2010

inaugura a pele a viii insónia

Primeiro a pele, um espanto, um certo espanto, um arrepio que vai tomando o espaço interior. Mergulha, dobra-se porque ainda o fora se sente como sendo completamente o que é. Mas não é toda a pele, antes, somente, aí onde a tua mão começa por repousar. Só isso, repouso para o dia longo, tantas horas apalavradas, de pensamentos tidos e não ditos, ou meio ditos, ou ditos por outras palavras já não sendo o pensamento antes tido; e tanto a decifrar

pensas para ti ou murmuras,
um só corpo é maior que o mundo,
todo o mundo me cabe no teu olhar devolvido

tanto, tudo e no entanto já tudo foi, já tudo passou, a mão já não descansa, a mão toca, acaricia, o cansaço recuou já para outro lado, para amanhã. A mão pesa, sopesa a pele, pensa a pele, rebele a pele e aí onde tocas, meu amor, tudo dura para lá do dia longo que passou, já passou e adormeces e eu aqui estou, desperto, tão perto, dorme
Enquanto a mão se afunda na pele, funda o amor

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