um acto
depois um outro acto
uma acção num espaço a ser ocupado
de som e lux(úria)
leve
gesto
livre
constrito
constato que é belo ver
o gelo
rasando a pele
enrugando quando arquejam
as palavras
presas na garganta
grão grão
entope sufoca
a face frente à face
de olhos fechados
engolindo em seco
11-3-5-8 da noite
a menina dos olhos presa na rua
passa carro passa e pesa a espera
não tardo
não tarda
desculpa a demora
a hora lusco-fusco
eu
perdendo tempo
tu
inquieta esperando
com raiva tensa entrando com
a luz e o pó a brilhar pela janela
e a angústia e
podes pensar a angústia não anda a pé
não fala
fica em casa
rebola na cama
num jogo de cabra cega
grão grão
entupo sufoco
não tardo
não tardo
fechando o hiato
abrindo a porta
num gesto pesado com a desculpa por cima
eu entro
a cara no escuro do quarto
e um riso frágil quase a quebrar-se
pouco a pouco a decair
e o passo estaca
entro não não entro
a decisão
a mão o punho fraco
ficou tudo lá guardado no nervoso
repara
e tu olhas
o tempo passa
e olhas
sentas-te na cama
e olhas ainda
não há nada de falso
nem na cara nem no corpo
o estômago não intacto
e olhas uma vez mais
……………………………….
……………………………….
(os teus olhos afogam
qualquer um)
e desvias o olhar triste
uma tortura
dor debaixo das unhas de roer as peles
um pouco porcas as unhas
não respondes
também não te peço tanto
deixa-me estalar-te as costas
pôr uma mão no mole das coxas como costume
esticar-te as rugas que vão dos olhos à boca
o que nos afastou foi um entreacto
um pano desliza desliza
é o lençol cobrindo-te
e afinal já dormias
fecho a porta suavemente
contorno-te como um gato esperto
num telhado quebradiço observando outro gato
um…………dois…………três
macaquinho do chinês
vi-te
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