domingo, 14 de março de 2010

insónia IV

nunca se diz tudo
sempre alguma palavra
goteja para o sem fundo
reservatório do não-dito.
depois trava-se o combate:
ou sufocas de tantas palavras
que guardas ou escolhes
a morte do outro
atolado pela sinceridade.
nunca descobriste
o contorno de onde nada
sai magoado
a porta sempre aberta aos fantasmas
as etiquetas trocadas
a boca cheia de vinho
misturas a insegurança ao tabaco enrolado
e acendes o cigarro com o sorriso
iluminado pelo isqueiro
a conversa a meio
o poema por acabar

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