terça-feira, 30 de junho de 2009

s/titulo

isto é um erro, porque é uma traição que faço a mim próprio. este texto é a última entrada do meu "diário" pessoal. por ser "diário", a partilha estaria por si mesma proibida. talvez, assim espero, seja este o único erro que não repetirei. talvez, também, seja esta uma maneira de pensar se continuarei ou com o diário, ou com este blog. talvez me volte a trair.


cometes continuamente
os mesmos erros e
dás-te conta disso
e de seguida fazes
juras e promessas
de mudanças
julgando e analisando
tudo o que a ti te diz
respeito. sabes do sufoco
que causas e lanças
as culpas nos outros pensando
oh sou tão íntegro
tão correcto tão imaculado
intocável
. já te viste
um anjo e escusaste-te
de toda a maldade
e contudo, por dentro,
alimentas uma inveja
de quem nasceu caído
e não se quer levantar
e depois escreves e
a tua escrita
é um sinal, um
reflexo disso, porque sabes
que nela apenas
descobres palavras
erradas dos erros
que continuamente
cometes, inveja
em tinta e letra:
são eles que não te querem
ler, publicar, porque
o tempo sim o tempo
é outro e dizes-te
doutro ainda
porque
oh tão nova que ela é
tão única tão fora
de moda
. que ilusão,
afinal, aquilo que
crias para ti apenas
porque já sabes que foi
um erro teres começado
a escrever
e a sonhar do fundo
da tua queda e do fundo
dessa tua queda apenas
sabes mergulhar mais
fundo, cair mais
para dentro arrastando
tudo à volta para o teu
fundo e a tua queda
cada vez mais funda
e não queres arrastar
ninguém contigo
que ninguém caia
ou se afunde contigo
porque cada um cai
a sua queda e deve
encontrar o seu fundo
e tu sabes e conheces
o teu próprio fundo. tu
levaste-te a ele
conduziste-te a ele
atiraste-te a ele
que é isto
que tu escreves
e que não vale a pena
e escreves que não
vale a pena
porque nada disto interessa
nada disto muda
ou mudará qualquer
pessoa porque escreves
para o teu fundo
da tua queda
para o teu fundo
onde já lá estás
já lá te encontras
caído olhando
para cima
para os erros que
continuamente cometes.

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