para a cris
tenho o olhar preso aos ângulos da casa
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
tolhe-se cintilante a um canto da casa
todo o meu corpo estremeceu ao mudar de voz
ficou-me este corpo sem tempo fotografado à sombra da casa
mas decidi ficar aqui a olhar sem paixão o lixo dos espelhos
as palavras sem nexo e repetidos gestos
magoadas águas
a escrita é a minha primeira morada de silêncio
nocturna sombra de corpo embriagado
o desejo de fugir
para que nada sobreviva fora deste corpo viandante
um coração feliz à esquina dos sonhos
os dias lentíssimos...sem ninguém
tanto faz
arrasto comigo o cheiro amargo da memória
este rumor de mãos ao de leve pelo corpo
onde se levanta um corpo
até perdermos o sentido das palavras
o olhar desce aos gestos inacabados
no escuro ergueu o olhar e disse:
é uma rosa nómada e calcária
talvez se esconda
e adormece sem lágrimas - com eles no chão
abres o mapa da europa e
enquanto os dedos se cansam a pouco e pouco
do mundo - cinzas onde mergulho
a partir do pequeno livro de Al Berto oferecido no dia mundial da poesia
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