deixa a tarde aceder à lentidão da eternidade
o desejo formado como um cristal
incólume e perfeito no segredo da terra
não tão célere como o cavalo domado
pelo repentino instinto selvagem de correr
cresce como a noite no ártico
quando o dia se acende no outro pólo
cresce como um puzzle inacabável
um monumento antigo erigido sobre
o seu silêncio cresce de mansinho
e escuta
o rumor do meu amor cantado
para te adormecer
como uma onda atravessando cada oceano
cresce apenas quando eu partir
nesse dia irrompe pelo céu
como um feijoeiro mágico e passa
a tua mão pelo meu rosto
passa os dedos incendiados
pelos lábios e o vale do anjo
que selou tudo o que era
anterior à palavra
passa os dedos
e deixa
a cinza do gesto purificar o tempo
na aprendizagem da carícia
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