sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Aranha (ii) ou da mnemotecnica

todas as noites quando se ausentam
faço a trama         dedicada aos ritmos
a manhã traz uma música só minha
com o orvalho pontuando
na malha                           os tons longos e
breves que escuto abrigada

tudo cessa quando eles vêm
nos seus passos cegos
tudo desaparece e sou forçada a seguir o gesto

com a despedida do sol
a acomodação do silêncio nas coisas
das horas escuras e paradas
recomeço
guiada por uma dependência obscura

lembro de noite o que esqueço no longo dia

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