Eu não me deitei com a beleza toda a minha vida
contando uma e outra vez para mim
os seus encantos mais abundantes
Eu não me deitei com a beleza toda a minha vida
e mentido também com ela
contando uma e outra vez para mim
como a beleza nunca morre
mas deita-se separada
junto dos aborígenes
da arte
e muito além dos campos de batalha
do amor
Está muito acima de tudo isso
oh sim
senta-se no mais escolhido dos
bancos da Igreja
lá em cima onde os directores de arte se encontram
para escolherem as coisas para a imortalidade
E eles deitaram-se com a beleza
todas as suas vidas
E alimentaram-se de ambrósia
e beberam os vinhos do Paraíso
de modo que eles sabem exactamente como
uma coisa da beleza é uma alegria
para sempre e sempre
e como nunca por nunca
pode desaparecer
num nada de dinheiro-perdido
Oh não eu não me deitei
no Repouso da Beleza assim
com medo de me levantar à noite
por temer que de algum modo perca
qualquer movimento que a beleza possa ter feito
Todavia dormi com a beleza
na minha própria estranha maneira
e fiz uma ou outra pobre cena
com a beleza na minha cama
e assim despejei mais um ou dois poemas
e assim despejei mais um ou dois poemas
sobre este mundo Boscheano
in Lawrence Ferlinghetti, A Coney Island of the Mind, New York, New Directions, s.d. (1958): 23-24.
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