segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

paisagem com ninho

muros de tijolo cinzento marcados
pelo combate de duas naturezas
ladeiam as florestas descarnadas
a memória de defuntos

é por aí que eu vou

planícies de neve e gelo e o corvo solitário
debicando a terra revolta                            estaca       por instantes
                                                                             o olhar         que conheço
                                                                                        no vazio        tão próximo
ao pensamento desolado

bate algures uma porta
alguém se exaspera na afasia
eu cumpro a minha promessa
repetida em cada cidade quando sempre
à esquina a dúvida relampeja
eu cumpro a minha promessa

recolho os galhos
rodo a mão à medida do relógio
de olhar cheio de mágoa
e o pensamento no oeste
recolho os restos

aprendi a lição no seu levantar de asas
despeço-me quando há demasiado

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