há uma estranha beleza em tudo isto
sempre presente e sempre perto
e no entanto tão tão longe que nunca uma mão
bastando apenas fechar-se sequer segura
uma beleza absoluta onde tudo o resto assenta
como o pó nas coisas uma beleza extática
conhecedora a fundo e ignorada parede branca
onde cai e doa a luz
uma segunda pele que abisma o olhar
e toma nome e forma
e com a simultaneidade do depois
tem um princípio e um fim
banha-se nas águas do rio
nos grãos de areia das campânulas de vidro
(escolhe a tua metáfora ou veneno
como diziam nos confessionários das noites
loucas e brancas
onde quantas vezes se revelava essa estranha
beleza que também perdura nas trevas)
quando a ilusão da diferença se dirimir
e a máscara da realidade se esboroar
resta a estranha beleza de tudo isto
isso que o bardo também viu na sua passagem
pelo norte
há uma forma para as coisas não uma forma
para cada coisa mas uma forma una e pura
de todas elas
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