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A
navegar as rouas de Demos
vimos
pássaros simbólicos
a berrar por cima de nós
enquanto
ávidas aves pairavam
e
elefantes em banheiras
flutuavam
por entre nós a caminho do mar
dedilhando
mandolins dobrados
e
resgatando velhas glórias com as suas orelhas
enquanto
donzelas patrióticas
vestindo papoilas de papel
e
a comer bombons
correram
pelas costas
lamuriando
atrás de nós
e
enquanto nos amarrávamos aos mastros
e
tapávamos os nossos ouvidos com pastilha elástica
burros
moribundos nas altas colinas
cantavam
canções tristes
e
vacas felizes voaram para longe
entoando
antífonas Atenienses
à
medida que as suas vagens se transformavam em túlipas
e
helicópteros de Hélios
voaram
sobre nós
largando
bilhetes de comboios de graça
de
Lost Angeles para o Céu
e
promessas de Eleições Livres
Pelo
que
içámos vela e navegámos
nesse
moreno navio uma vez mais
e
por isso nos destinámos uma vez mais
nos
destinámos ao longo do mar devorador
lotados de virgens vestais libertadas
e
atiradores de discos a ler Walden
mas
pouco
depois de alcançarmos
as
estranhas costas suburbanas
dessa grande semi-
democracia
Americana
olhámo-nos
com
uma amena surpresa
silenciados
perante um topo
em
Darien
in Lawrence Ferlinghetti, A Coney Island of the mind, New York, New Directions Books, s.d. (1958), 44ª edição: 11-12
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