sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

fecho os olhos e lisboa vem

fecho os olhos e lisboa vem
de dentro levando-me pelas colinas
perdi já as vezes das quedas
enamoradas nos miradouros
onde vinho e sol me embeveciam
e o ar morno era rasgado
pelos ventos eternos do verão da cidade

dá-me a mão a adolescência
e espalho-me pela relva
da gulbenkian até a terra
girar obrigando o sol a pôr-se
e nós atrás dele para o jardim
de alcântara dando a boca à primeira
filosofia para endireitar o mundo
que estará sempre inclinado
e nós com a noite entre dois nortes

nenhuma distância é longa para o passo
e a língua          de uma maneira
ou de outra está-se sempre acompanhado

aos quarenta penso voltar        tudo
estará diferente bem-lo sei
conheço e aceito a lei do tempo
nem terei tomado Manhattan ou Berlim
isso pouco importa depois
de L.C. as ter tido para si
talvez me tenha deixado Lisboa para mim

permaneço um pouco mais de olhos fechados


Bad Meinberg


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