quinta-feira, 8 de junho de 2017

Rosto e Mãos. Em torno de Deleuze, Derrida e Schiele

Resumo:
"Debruçar-nos-emos, primeiro, sobre a questão do rosto, através ainda de um certo tom humanista moderno, pela voz de Emmanuel Lévinas, talvez a última expressão digna e graciosa de criação de uma Ética – basta recordar o elogio de profunda tristeza escrito por Derrida para afirmarmos que a ética lévinasiana trata acima de tudo de dignidade humana. Centrando-nos na sua obra Totalidade e Infinito (1988), faremos uma leitura resumida das linhas de força do seu pensamento aí exposto em torno do Outro e da apresentação do Rosto para, de seguida, abordarmos o conceito de rostidade (visageité) de Deleuze-Guattari (1980).
Relendo uma vez mais a obra de Lévinas e a sua proposta radical de um retiro egológico para o digno acolhimento do Outro, a questão de saber se um rosto já o é ou se é produzido, justamente por aquele que se coloca na posição desnivelada de o acolher, mantém-se indefinida.
Procuraremos responder a essa pergunta, precisa e estranhamente, propondo a rostidade, enquanto conceito que configura o processo de subjectivação e significância de um corpo com a produção do rosto, como o processo de uma via negativa – uma que Lévinas talvez não concordasse – que se abre para a ética do filósofo franco-lituano. Por outras palavras, acolhe-se o Outro e o Rosto porque se o produz; a rostidade é, de certa maneira, um mecanismo que promove a Ética do Rosto de Lévinas, pelo que a critica de Deleuze e Guattari, de facto, é eficaz contra a «viragem ética».
De seguida, questionaremos o conceito de mão, através Derrida/Heidegger (1990) e de Jean Brun (1991), de modo a pormos em fuga os dois pontos que supomos à sombra da anciã questão do homem. Terminamos procurando pô-los a vibrar, rosto e mão, na obra do pintor austríaco Egon Schiele com algumas breves notas."

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