sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

para uma vida anelante

só é feliz quem não sonha      isso
é claro      fecham-se os olhos deixa-se o mundo
com os seus círculos mais interiores
do medo cercar a vida calar
a criança curiosa

traz-se tudo para junto de si
a terra o muro a casa
o tempo por exemplo igual
um dia a outro dia
calculado amanhã

porque insuflas no ontem o ouro dizes
como era belo e bom outrora      deus
e o diabo estão no detalhe das horas
ajuizadas e sem ninguém

os anos passam escorrem sem alarmes
por ti      a erva daninha do acaso não medra
no coração purificado pelo
sal da razão aterrorizada

o teu rosto estará marcado
pela biologia      confundi-lo-ás quando
as mãos o acariciarem antes do último sono
pela casca rugosa de uma árvore      se te cortassem
verias um coração desanelado

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