sexta-feira, 7 de agosto de 2015

por trás da East Side Gallery junto ao Spree

para Konni Scheele 

o corpo nasce atirado num mundo anterior a ti
em hermética rede de sentidos e nódulos
com seus próprios significados enchendo-se
ou esvaziando-se consoante o teu passo
toque olhar e o intrincado que fabricas com as coisas
sustidas nesse enredo simples e em si

mas eis que surge a complicação
uma onda passando por ti ao longo do tempo
porque o corpo cresce e com ele
o coração duplica-se estende-se e se enraíza noutros
no entre do inesperado de respirações

uns acompanham-te desde a infância
outros ao fim de cinco minutos
agrilhoam-se mais que Prometeu à rocha
alguns de entre todos são mesmo a águia
comendo-te o fígado outros ainda elevam-te
nas alturas como se cavalgasses Pégaso

quando desces ou de queda cais reconheces:
já não caminhas na companhia de ébrios anjos
pelas ruas de Berlim nos idos de 90
em ti cava-se uma distância
consumindo-te lenta e tristemente
e num tom amargo dizes:
não gosto de mudanças

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