segunda-feira, 17 de junho de 2013

tu vens com a noite
envolta num véu de silêncio
vens e entras valsando com os teus olhos
ternamente tristes por esta casa a dentro

e por estes corredores tão sós
tomamos posições entre as trincheiras
da realidade e do sonho travando uma batalha
que sabemos ambos perdemos

com o despontar da aurora
a tua boca abre-se
e tua voz gentilmente vai dissipando
a suave neblina de lilás
traçando caminhos que levam um ao outro

eis quando me transformo em ave
com olhos de cão vagabundo
e as minhas garras prendem-se à asa
da máquina que te leva de retorno a Este

e como um bêbado num coreto
cantando um só refrão digo

uma estrela tem-me refém o coração


numa manhã sem ninguém