quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

em memória dos 50 anos da morte de Sylvia Plath

Pensamentos


Na morte de Sylvia Plath


Esperamos de pé atrás da linha, nus.
Quem está à frente procura recuar
quem está atrás procura avançar.

Fazem um lance sobre as nossas cabeças.
Quem mais medo tem mais tem a recear -
ninguém sabe para o que é escolhido.

Acabei de ouvir a má nova,
eu que escapei por milagre à morte
chora agora a morte da minha irmã.

O mene tequel é um animal,
uma formiga, um caranguejo, a rastejar
sobre carris quentes com pinças negras de carvão.

O consolo para quem não tem abrigo
nunca vem em forma de tecto
mas da boca de desabrigados.

Para a criança espantada que
ainda não nasceu, o espaço
não se volta do avesso.

Que se vá refugiar junto
dos lobos, se ainda houver
desses lobos maternais.


in Judith Herzberg, O que resta do dia, antologia de poesia com um texto em prosa, Lisboa, Cavalo de Ferro, 2008: 43

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