Deixou-se escorregar pelo silvo da flauta
como em criança no corrimão da escola
*
à memória de Ruy Belo
Era puro, por uma madrugada de setembro
quando o poeta se vislumbra a morder o mundo:
cintilar mudo que surde da azález sorrindo
um outro texto em um outro ermo assíduo
Berlenga, 15.IX.79
*
Tu mesmo é que conheces a tua grandeza
somente mensurável com a de Deus
na Sua magnitude minha heterodoxia
implicado na dúvida até aos ossos da chuva
*
Procuro tornar-me num monstro pra morrer só
De outro modo não teria olhado para ti
O abismo onde as crianças gostam de subir
*
Ao sol poente logo de manhãzinha
por outono morro
de amor por ti que não te vejo
in António Barahona, Rizoma, Lisboa, Guimarães editores, col. poesia e verdade, 1983: 34, 52, 63, 65, 67.
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