sábado, 14 de abril de 2012

avenida almirante reis

um coração líquido e suas síncopes
em escuta atenta aos breves dilúvios e os pés
pelo rasto de um arco-íris oleoso
os caminhos de nenhures deste alcatrão
(encolhes-te recolhes-te
haverá um abrigo um pouco
mais após o fim)
uma casa de livros e cadela
negra a dor permanente um vírus
passando a quem se te aproxima
(não há espaço
no vazio já ele está pleno
e esse és tu já só
o corpo pele e osso)
a cidade entra-te pelos poros
(oh amigos, não há amigo
nem do que se faz um mundo)
e escorre espessa pelo ralo
(repara nada de importante
um sonho é um sonho é um sonho
é um sonho dizes-te amanhã serei
um estóico começarás um diário
um regime saberás de novo
acolher o Acontecimento
fazer de qualquer trilho
o teu e o certo)
tudo é mistura

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