sexta-feira, 20 de maio de 2011

Magos





Os abstractos pairam como anjos desgraciosos:
Nada há tão vulgar como um nariz ou um olho
Pondo em relevo os etéreos vazios dos seus rostos ovais.

A sua brancura não se relaciona com roupa lavada,
Neve, giz ou coisas que tais. Eles são
O mais importante, está bem: o Bom, o Verdadeiro –

Salutares e puros como água a ferver,
Sem amor como a tábua de multiplicação.
Enquanto a criança sorri no vazio.

Seis meses no mundo e já ela é capaz
De embalar todos os quatro como uma rede.
Para ela, a pesada noção de Mal,

Zelando o seu berço, é menor que uma dor de barriga,
E o Amor, a mãe de leite, sem teoria.
Eles confundem a sua estrela, estas criaturas de papel.

Eles querem o berço de um qualquer Platão aluado.
Deixem-nos surpreender o seu coração com o seu mérito.
Que rapariga floresceria em tal companhia?

in Sylvia Plath, Crossing the water - transitional poems

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