Está pendurada do céu até à terra.
e por isso disse:
Escureceu. Ela levantou-se para levar o prato -
tens lume perguntou ela
uma eternidade
aí no jardim pejado de arbustos.
num arremedo de crepúsculo estival perpétuo...
espreitando pela grelha da janela
infelizmente, ainda não têm nenhum.
e depois calou-se, como se fosse uma deixa
Christina caminha sonâmbula
numa rua movimentada
redondezas ocultas
o fim do mundo.
Não se conseguia ver-lhe a cara,
depois arrasta-se até à cozinha
à noite ela emitia sons que poderiam ser um cântico
o longo e tortuoso poema de amor
ele roía as unhas enquanto falava.
a sua vida também é um emaranhado fantástico
ela quer que eu brinque debaixo da mesa
não tem importância
onde te perdeste
só para te ver, embora
que te fere o coração?
eu vejo a noite cair,
no quarto e na cozinha,
sentado a suar enquanto observava no espelho
e ponho o meu queixo no seu ombro.
está tão escuro que o fim do mundo pode estar próximo.
depois, num instante, nem sequer isso.
riscar mais uns nomes
até onde o silêncio diz tudo.
2009
a partir de Previsão de Tempo para Utopia e arredores de Charles Simic
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